O Tempo Não Para
Considerado um dos maiores escultores atuais de figuras públicas, o mineiro Leo Santana eterniza momentos também em seu trabalho autoral
por Lenora Rohlfs e Leopoldo Gurgel
Sentado em um banco, no calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro, Carlos Drummond de Andrade recebe abraços e sorrisos e posa para inúmeras fotos. A icônica escultura em bronze, inaugurada em 2002, véspera do centenário do poeta, se transformou desde então em um dos monumentos mais visitados da capital fluminense.
O dia teve presença maciça da imprensa e o autor da escultura, o mineiro Leo Santana, talvez nem imaginasse que a partir dali sua carreira seria alavancada de maneira extraordinária. Considerado um dos maiores escultures atuais de figuras públicas, Leo não parou de trabalhar desde então. Ary Barroso, Paulo Mendes Campos, Hélio Pelegrino, Fernando Sabino, Otto Lara Resende e muitas outras esculturas de corpo inteiro somam-se à primeira.
As encomendas são tantas que a agenda de 2023 já está fechada. Recentemente, foi inaugurada a de Dona Lucinha, nome de destaque da comida mineira, no Mercado Central de Belo Horizonte, enquanto outras já estão em produção. Em todas, um trabalho que requer foco, pesquisa e extrema sensibilidade para traduzir em esculturas, um momento que importe em cada personalidade.
Além do registro de personalidades que tem difundido seu trabalho também em âmbito internacional, o artista, apaixonado pelo popular e anônimo, também se dedica ao trabalho autoral. Como o tema é livre, ele se permite o risco. “Não dá para saber se vai dar certo, mas é algo que tem que ser posto para fora para caber mais”, brinca.
Figuram nessa lista as séries de esculturas que remetem à capoeira, ao forró e ao samba, com corpos bem brasileiros, em movimento, de cerca de 15cm de altura cada. São séries que, por enquanto, estão na ‘sala de espera’, mas que povoam o universo do artista que, atualmente, resolveu se dedicar também à aquarela. “Gosto muito da técnica, mas nunca trabalhei com ela de forma profissional. Agora, ao fazer um curso com o Mário Zavagli, penso em dar uma renovada no que faço. Não vou deixar de ser escultor, mas a aquarela renova meu fôlego”, comenta.