O Mês De Junho e As Bandeiras Coloridas
por Bruna Freire Ribeiro
A cultura popular brasileira associa o mês de junho às festas de São João. Com alegria, música e dança, as comunidades se enfeitam com bandeiras coloridas ao redor de uma fogueira a céu aberto celebrando o santo que reforça a mensagem da justiça e do amor. Por coincidência, este também é o mês que exalta o nascimento da luta de uma outra comunidade, que, reivindicando justiça, amor e respeito por seus membros serem quem são, também leva alegria e bandeiras coloridas a céu aberto: a comunidade LGBT+.
Embora os eventos não tenham qualquer relação entre si, este texto tem a intenção de usar o acaso das semelhanças de datas, cores, bandeiras e mensagens para humanizar e dar visibilidade a essa causa.
Para Refletir e Compreender: Origem e Importância Do Dia Internacional Do Orgulhos LGBT+
O Dia Internacional do Orgulho LGBT+ é comemorado em 28 de junho, data que rememora os eventos de Stonewall, ocorridos em 1969, no bairro nova-iorquino de Greenwich Village. A data marca o início do movimento moderno pelos direitos LGBT+, quando a comunidade se uniu em resistência a uma ação policial.
As manifestações em Stonewall representaram o início de uma luta organizada por direitos e reconhecimento, que impulsionou o movimento local e global, fomentando ações pela igualdade de direitos e pelo fim da discriminação. Com conquistas significativas, como a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo em diversos países e a inclusão de leis contra a discriminação, ainda há muito a ser feito. Afinal, 69 países ainda criminalizam essas relações.
No Brasil, o movimento LGBTQIA+ tem trajetória de ativismo e resistência desde os anos 1970 e reconhece os avanços recentes que legalizaram os direitos ao casamento civil homoafetivo e enquadram a homofobia e a transfobia como crimes. Contudo, embora o progresso tenha sido constante, ainda são desafiadoras as barreiras do preconceito e da violência.
Por Que Tantos Subgrupos Nas Iniciais LGBTQIAPN+?
A sigla é uma evolução contínua, refletindo a diversidade dentro da comunidade. Cada letra representa uma identidade específica, que busca reconhecimento e pertencimento da sua identidade, incluindo lésbicas (L), gays (G), bissexuais (B), travestis, transsexuais e transgêneros (T), queers (Q), intersexuais (I), assexuais (A), pansexuais (P), Não binários/es (N), somados pelo acolhimento de qualquer outra pessoa que não se sinta representada nas siglas anteriores (+).
Criada em 1978 pelo artista, designer e ativista dos direitos LGBT+, Gilbert Baker, para celebrar o Dia do Orgulho Gay em São Francisco, a Rainbow Flag, bandeira do arco-íris, tornou-se o símbolo próprio capaz de unificar a comunidade como grupo social representado por oito cores, especialmente escolhidas para a causa: espírito humano (violeta); harmonia (anil); mágica/arte (turquesa); natureza (verde); luz do sol (amarelo); cura (laranja); vida (vermelho); e sexualidade (rosa).
Hoje, a bandeira tem seis cores, já que os tons rosa e turquesa, cujos tecidos são mais raros, não estão mais presentes. Eventualmente, soma-se o preto para representar as vítimas da AIDS. O estandarte original de oito cores faz parte do acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMa, cuja curadoria o qualifica como “poderoso marco histórico do design”.
A comunidade tem consciência de que cada grupo carrega experiências e desafios individuais, mas precisa da força da união para sustentar o interesse coletivo de reivindicar respeito e dignidade e combater as fobias e os preconceitos que ainda acompanham sua existência. Sob o bandeirão colorido, a comunidade sente-se protegida e acolhida em pluralidade e comunica sua identidade alegre e criativa.
A luta LGBTQIA+ é uma luta por humanidade e dignidade. A sua incorporação na nossa cultura é um passo decisivo para a construção de um futuro em que o respeito e a inclusão prevaleçam, beneficiando todas as pessoas, refletindo o compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
A celebração do Mês do Orgulho LGBT+ é um convite para a reflexão sobre a importância da diversidade e da inclusão. Reconhecer e respeitar essa comunidade é um passo essencial para a construção de um mundo onde se possa viver com dignidade e liberdade. A inclusão não é apenas moralmente correta, mas também uma estratégia vital de saúde de um ecossistema. Seguimos avançando em direção a um futuro mais inclusivo, com alegria, humanidade e bandeiras coloridas.