Moda e Terapia: A Consciência Sobre o Vestir
Você sabe se vestir de acordo com quem você é? Será que nos conhecemos profundamente?
Nossa autoimagem é um reflexo que constrói uma identidade, que se reconhece através das nossas escolhas. Não há como interagir, porque tudo está totalmente intricado, a moda e as emoções contextualizando, que é o exercício recorrente em que essas ações estão impregnadas na nossa roupa.
Ela carrega em si, significados que são as configurações que formam uma cadeia de sentimentos e ressignificações de várias formas, envolvendo experiências como: hábitos culturais, lembranças, heranças, historicidade de vida, além da memória ancestral que nos acompanha e está silenciosa no nosso corpo.
Durante os meus 28 anos de experiência como terapeuta, pude compreender a relação entre a moda e a personalidade, e como nos apresentamos e somos vistos pelos outros, e como as pessoas nos veem. Ao analisar o relato das mulheres, foi uma oportunidade única de ajudá-las a se conectar com a sua essência, a encontrar o seu estilo e usar a moda como um meio de comunicação e interação com a sua personalidade.
A música, também, é uma força que nos remete a experiências inesquecíveis e marcantes, através dos sentidos enquanto formas de comunicação e como um conjunto de elementos ligados às necessidades, onde se misturam os símbolos e códigos de identificação.
A história sobre o vestuário revela quem somos, que essa é a nossa segunda pele, que influencia a nossa autoestima quando temos a capacidade de decidir o que realmente queremos transmitir através da roupa, seja através da cor, do tecido, da textura, da superfície, entre outros fatores. Você sabe se vestir de acordo com quem você é? Será que nos conhecemos profundamente?
Qual é a história que sua vestimenta conta?
Este tipo de vestimenta é, sem dúvida, sublime e oculto para nós, e, na maioria das vezes, ignoramos essa condição em grande parte das nossas experiências. Por isso conhecendo seu corpo melhor irá aprender a escolher roupas que valorizam por meio da morfologia.
Cada pessoa leva uma bagagem de padrões e estereótipos que compõe o seu processo, simplesmente acolher a história do vestir, sendo de extrema importância para construção dessa imagem.
Essa engenhosidade, irá ajudar a firmar sua personalidade em relação ao mundo. Portanto, o guarda roupa representa o corpo que oferta significada, para descobrimos a autenticidade que nos leva genuinamente a ter um olhar sensível e empático por nós mesmas, externalizando (a transformação ocorre de dentro para fora) nossas necessidades e gostos. A roupa simplesmente rompe limites indenitários.
Como deve ser esse diálogo de transmutação de modelos de roupagem, quando a negação do corpo não corresponde a seus anseios?
A roupa ou a vestimenta é outra forma de pensar, de representar, falar a sua realidade para o outro, apenas com um invólucro da nossa essência... cada pessoa leva a bagagem de vivências, essencial para a vida. Afinal, sem sua roupa, e sem imagem, não seria possível a sua existência. Tudo ocorre de forma inconsciente, aprendendo a valorizar a forma de mapear seu corpo, descobrindo a constância do pensar e associando ao seu perfil corporal.
A comunicação não-verbal através da vestimenta, é uma maneira de expressão que não utiliza as palavras, é uma ferramenta que ultrapassa os limites do comportamento. O corpo é um invólucro e comunga com as roupas por que fala por si só e diz respeito quem somos, tudo ocorre de uma forma inconsciente, que vai além da linguagem verbal. Por isso, é necessário aprender a valorizar a forma de mapear seu corpo, descobrindo as suas cores e estampas. A roupa fala da pessoa o que ela deseja representar.
É possível disfarçar a linguagem, evitando a exposição excessiva. Dessa forma, é importante ato comunicacional saudável para compreender o ato de vestir, uma vez que, de uma forma simplificada, se cria uma visibilidade para todos os que interpretarão a mensagem que deseja transmitir. Por exemplo, percebam que no carnaval as pessoas querem se divertir demonstrando o colorido de viver festejando, porém, cada pessoa tem uma história e uma mentalidade que vai fazê-la se vestir de acordo com sua própria essência. Uma pessoa mais casual, irá colocar suas perspectivas livres de ser na modelagem da fantasia, ajustada no seu molde corporal.
Este tipo de vestimenta é, sem dúvida, sublime e oculto para nós, e, na maioria das vezes, ignoramos essa condição em grande parte das nossas experiências. Cada pessoa leva uma bagagem de padrões e estereótipos que compõe o seu processo, simplesmente acolher a história do vestir, sendo de extrema importância para construção dessa imagem.
Você também já se percebeu fazendo essas escolhas de roupagem em algum evento cotidiano? Justamente essa memória afetiva e de marca pessoal realizada de forma transcendente, quase que imperceptível e automática.
No último final de semana, assisti ao documentário “Minha história”, da Michele Obama, quando era a primeira dama dos Estados Unidos. Ele retrata a turnê de divulgação da sua autobiografia, um momento relevante em que menciona sobre a moda, relatando que teve que se preocupar muito mais com sua imagem, suas atitudes e até suas roupas. Ela teve um olhar de lince quando percebeu que o que vestia chamava mais a atenção do que muitos dos discursos importantes. “Parecia que minhas roupas eram mais importantes para as pessoas do que qualquer coisa que eu tinha a dizer”, disse em entrevista ao The New York.
E para complementar em seu livro “The Light We Carry”; Michele acrescenta: “A moda feminina ainda dita como as pessoas te veem. E isso não é certo, mas é verdade.” E é aí que a moda não é só moda. Você precisa transformar isso em uma ferramenta ao invés de ser uma vítima dela. As roupas parecem mais pessoais: ela sai daquele papel em que precisa se vestir para agradar aos outros e consegue ter a liberdade para usar o que a faz se sentir bem.
Conseguiu refletir melhor sobre a roupa e a personalidade? Com esses conhecimentos, agora fica mais fácil entender porque é tão importante escolher a vestimenta de acordo com sua personalidade. Lembre-se a roupa é igual uma casa que guarda memórias.
Sobre Moni Prado
Jornalista, escritora e colunista com múltiplas especialidades, incluindo curadoria de arte, poesia e moda. Inspirada por espiritualidade e natureza, possui bacharelado em Musicoterapia pela UCSAL, com 26 anos de experiência em terapia geriátrica, neurológica e gestacional.
Colabora com diversas publicações em Salvador e apoia a literatura como ferramenta transformacional. Criou o método Modaterapia, voltado para o empoderamento feminino e bem-estar, utilizando a moda como terapia. Participa de antologias poéticas e programas de rádio, discutindo bem-estar, valores e autoconhecimento para inspirar mudanças positivas.