HULK HOGAN
Ícone da luta livre e da cultura pop americana morreu aos 71 anos no final de julho e deixou um legado polêmico
por bruno marinho
Astro que popularizou a WWE e atravessou gerações faleceu em casa após parada cardíaca; trajetória foi marcada por glórias, polêmicas e um legado cultural duradouro.
O lendário lutador e símbolo da cultura pop dos Estados Unidos, Hulk Hogan — nome artístico de Terry Gene Bollea — morreu aos 71 anos no último dia 24 de julho, em sua residência em Clearwater, na Flórida, após sofrer uma parada cardíaca. Segundo o departamento de bombeiros local, os paramédicos foram acionados ainda pela manhã e chegaram a levá-lo ao hospital, mas ele foi declarado morto pouco após dar entrada.
Hogan se tornou uma das figuras mais emblemáticas da luta livre profissional nos anos 1980, graças à sua persona carismática e heróica, ajudando a transformar a então WWF (hoje WWE, World Wrestling Entertainment) em um fenômeno de alcance global. Ele conquistou seis títulos mundiais da WWE, foi bicampeão do Royal Rumble e protagonizou oito edições da WrestleMania, consolidando sua imagem dentro e fora dos ringues.
Sua fama extrapolou o universo esportivo: atuou em filmes como Rocky 3, estrelou o reality show Hogan Knows Best e tornou-se um elo simbólico entre o esporte e o entretenimento mainstream.
Nos últimos anos, Hogan enfrentou diversos problemas de saúde, tendo passado por 25 cirurgias somente na última década. Apesar de sua esposa, Sky Daily, ter negado rumores sobre seu estado grave após uma cirurgia no pescoço, a notícia da morte causou grande comoção. Figuras como Ric Flair e Charlotte Flair prestaram homenagens emocionadas, e a própria WWE divulgou um tributo oficial, evidenciando o peso de seu legado cultural.
Um capítulo marcante de sua trajetória fora dos ringues foi o processo judicial contra o site Gawker, que publicou um vídeo íntimo do lutador. Em 2016, Hogan venceu a ação por violação de privacidade e recebeu uma indenização de US$ 140 milhões (cerca de R$ 774 milhões). O caso levou o Gawker à falência e alimentou um debate global sobre os limites entre liberdade de imprensa e privacidade individual, antecipando dilemas que ainda hoje afetam o jornalismo digital e a confiança pública.
Contudo, a carreira de Hogan também foi marcada por controvérsias. Ele enfrentou críticas pelo uso de esteroides, envolvimento em escândalos sexuais e declarações racistas — o que resultou, em 2015, em sua suspensão do Hall da Fama da WWE, na qual seria readmitido apenas cinco anos depois. Em 2024, voltou aos holofotes ao declarar apoio público a Donald Trump durante a convenção do Partido Republicano, o que gerou divisão entre fãs e críticos.
Com sua morte, paira a incerteza sobre o futuro da Real American Freestyle, liga de luta livre independente idealizada por Hogan, onde atuava como fundador e comissário. Ainda assim, acima das controvérsias, permanece a marca de um entertainer que, ao longo de mais de quatro décadas, redefiniu o espetáculo esportivo e cravou seu nome na memória de milhões — mesmo entre aqueles que hoje o veem com olhos mais críticos.