Brincar Também É Coisa Séria
Quando o assunto é brinquedoteca, ambiente que vem sendo a salvação de muitos pais neste período, a regra é: deixe a imaginação fluir e não restrinja a paleta de cor. Veja mais dicas a seguir.
por Thaís Casagrande
A brinquedoteca é um espaço que vem ganhando bastante popularidade, principalmente durante o período de isolamento social em que as aulas presenciais nas escolas foram suspensas. Apesar de alguns acharem que é apenas um luxo ou passatempo, diversos estudos já mostraram a importância desse cantinho no desenvolvimento da criança. Por intermédio da brincadeira, ela explora e reflete sobre a realidade e a cultura em que vive. Além disso, as atividades lúdicas possibilitam uma evolução mental, psicológica, social e física, estimulando o raciocínio lógico, a coordenação motora e a criatividade.
Com esses inúmeros benefícios, é muito importante que os pais não se esqueçam de definir e proporcionar à criança um tempo diário para as brincadeiras, deixando-a à vontade para exercitar a imaginação como achar melhor.
É aí que surge o espaço exclusivo para brincar. Mas, como deve ser uma brinquedoteca em casa?
IMAGINAÇÃO E ORGANIZAÇÃO
“Durante esse período de distanciamento social, com as crianças em casa, percebi o quanto é importante termos um espaço lúdico para elas brincarem”, afirma Luana Casagrande, designer de interiores e mãe de duas crianças.
“Sugiro sempre algo divertido e muito colorido para deixar a imaginação voar solta. Não se esqueça das caixas organizadoras para os brinquedos e de uma mesinha para elas desenharem e exercitarem a criatividade!”, destaca.
De acordo com a arquiteta Cristiane Schiavoni, para planejar uma brinquedoteca, deve-se ter em mente a idade das crianças que vão usá-la e, se for em uma residência, também pensar no uso para quando elas forem crescendo: “Além disso, outro fator importante é o tipo de brinquedo que essas crianças têm − isso acaba alterando as soluções que criamos para o espaço. Se são brinquedos grandes, pequenos, coleções... e, ainda, que atividades serão feitas por lá? Teremos refeições rápidas? Vão ser só brinquedos ou também haverá uma televisão para assistir filmes? A crian- ça vai tirar uma soneca no local?”. Após todas essas questões respondidas, o profissional consegue executar o projeto de acordo com as necessidades.
Para a arquiteta Fernanda Andrade, existem três aspectos fundamentais para uma brinquedoteca: segurança, organização e uma estética lúdica.
“A ideia de uma brinquedoteca é justamente ser esse refúgio para as crianças brincarem e soltarem a imaginação. Naturalmente, não será o ambiente mais organizado da casa. Mas temos, sim, que lançar mão de alguns cuidados para que não vire um ‘depósito tumultuado’. Ter caixas organizadoras e prateleiras para acomodar os brinquedos é uma boa ideia para que as próprias crianças tenham a autonomia de voltar tudo para o lugar no final da brincadeira”.
Segundo a profissional, os pais podem categorizar com os pequenos a caixa de guardar bonecas, a caixa de guardar jogos... e assim por diante. Outra dica valiosa da arquiteta é estar atento à quantidade de brinquedos: “Sempre que entrar um novo, é bom tirar um antigo para evitar o acúmulo”. Já Cristiane Schiavoni alerta que é fundamental também que a criança tenha acesso a tudo: “temos o método montessoriano, que diz muito sobre isso: oferecer um ambiente que proporcione a independência das crianças. Assim, elas podem ser ensinadas a pegar e a guardar os brinquedos, e acho que isso é muito importante, além de facilitar a vida dos pais.”
CORES E ACABAMENTOS
Quanto à escolha dos acabamentos, para Cristiane, o principal ponto que deve ser analisado é a praticidade de limpeza − pode ser couro, pode ser neutro, desde que seja fácil de limpar para que não tenha nenhuma dificuldade.
Fernanda Andrade sugere, para o piso, o vinílico, já que é prático de limpar e não é um piso frio (isso é importante de ser considerado, pois crianças ficam muito no chão). Se o ambiente for ocupado por aquelas que ainda estão na primeira infância, ter uma cobertura com chapas de EVA também é uma boa ideia. “Esse material amortece as quedas, além de ser bastante colorido, o que é ótimo. Para as paredes, uma boa dica é usar, em pelo menos um setor, a tinta lousa, para que as crianças possam desenhar à vontade”, completa a arquiteta.
Quanto às cores, segundo a profissional, a brinquedoteca não é um ambiente onde a criança terá que dormir e descansar. Então, não há muita restrição sobre a paleta. “Um ambiente muito colorido num quarto, por exemplo, pode gerar dificuldade de concentração e relaxamento.
Mas aqui a ideia é justamente despertar a imaginação e a criatividade. Assim, o uso de cores é sempre bem-vindo. Porém, considerando que os brinquedos já são bem coloridos, uma base neutra pode muito bem receber uma brinquedoteca”, afirma Fernanda.
Em relação ao mobiliário, Cristiane afirma ser algo muito específico para cada projeto, mas considera essencial o espaço livre para a criança brincar. “Além de um local para guardar os brinquedos, temos que ter um espaço que proporcione liberdade para a criança, de fato, conseguir brincar nesse ambiente. A brinquedoteca é idealizada para a criança desenvolver o ato de brincar e não apenas um espaço de armazenamento”, finaliza.