ARCOMADRID
Amazofuturismo e provocações políticas marcaram a 44ª edição da Feira Internacional de Arte Contemporânea
texto e imagens bruno marinho
Entre os dias 5 e 9 do último mês de março, a capital espanhola recebeu a 44ª edição da ARCOmadrid, uma das mais prestigiadas feiras de arte contemporânea do mundo. Realizada nos pavilhões 7 e 9 da IFEMA MADRID, a feira reuniu 214 galerias de 36 países, apresentando obras de mais de 1.600 artistas e atraindo cerca de 100 mil visitantes.
A redação esteve lá, é claro, e ficou impressionada com o que viu: o grande destaque desta edição foi o projeto curatorial “Wametisé: ideias para um Amazofuturismo”, concebido por Denilson Baniwa e María Wills, em colaboração com o Instituto de Estudos Pós-Naturais. A proposta explorou novas formas de criação, que representam existências híbridas entre corpos humanos, vegetais, físicos e metafísicos, reunindo 24 artistas de 16 galerias.
Além disso, a feira contou com seções dedicadas a jovens galerias com menos de sete anos de existência, como a “Opening”, com curadoria de Cristina Anglada e Anissa Touati, e a “Profiles: Arte Latino-Americana”, com curadoria de José Esparza Chong Cuy, fortalecendo os laços históricos entre a ARCOmadrid e a arte da América Latina.
Entre as obras mais comentadas, destacou se a escultura de Eugenio Merino, que apresentava um lavavajillas contendo rostos de líderes de extrema-direita, incluindo Donald Trump, vendida por 25 mil euros a colecionadores da Bélgica e da Alemanha. Outra obra provocativa foi a instalação de Ramón Mateos, intitulada “7.291”, que fazia referência às mortes em residências de idosos durante a pandemia de COVID-19 na Comunidade de Madri.
No âmbito dos prêmios, Claudia Pagès foi agraciada com o Prêmio Illy SustainArt por suas obras “Muro de dos caras” e “Xàtiva”, que utilizam papel feito à mão para explorar a memória histórica. Já Lara Fluxà recebeu o Prêmio Pilar Forcada ART Situations por sua peça “Flure”, que questiona a relação com o meio ambiente por meio de materiais como ferro e vidro.
Instituições como o Museu Reina Sofía e o Ministério da Cultura da Espanha adquiriram 26 obras por quase 500 mil euros, incluindo uma fotografia de Marina Vargas. A feira também enfrentou debates sobre a aplicação do IVA de 21% na compra de arte, com artistas e galeristas solicitando sua redução.
Com uma programação que incluiu exposições, conversas e eventos paralelos em museus e espaços culturais de Madri, a ARCOmadrid 2025 reafirmou seu papel como plataforma essencial para a promoção e difusão da arte contemporânea no cenário internacional.